2025: muita espuma e poucas realizações

O ano de 2025 foi marcado por intensa movimentação política, forte exposição midiática e escassez de realizações estruturais capazes de produzir efeitos duradouros. Houve barulho, disputas e narrativas — mas poucos avanços consistentes.

O principal fato do período foi o início da implementação da reforma tributária. Trata-se de uma mudança necessária, mas mal concebida e potencialmente perigosa. Seu cronograma de até dez anos abre espaço para distorções, pressões corporativas e perda de objetivos ao longo do caminho. Se integralmente implantada, pode ser melhor do que o sistema atual — o que não é exatamente um mérito elevado. A alíquota padrão estimada em 28%, a segunda maior do mundo, revela mais uma vez a opção do Estado por preservar seus privilégios e atender grupos de poder, em detrimento do contribuinte. O cidadão comum não foi ouvido. Apenas será cobrado.

No Legislativo, o protagonismo ficou restrito à disputa por emendas parlamentares, que seguem como prioridade absoluta. O presidente da Câmara perdeu relevância política, e sua credibilidade entrou em colapso. No Senado, o fracasso foi simbolizado pela anistia que não avançou: promessa recorrente, resultado nulo.

O Poder Executivo encerra o ano sem apresentar um projeto crível de equilíbrio fiscal. O discurso existiu; a execução, não. Houve descoordenação interna e confusão na política externa. O governo manteve apoio a regimes autoritários, como a ditadura venezuelana, e não conseguiu recompor plenamente as relações com os Estados Unidos. O chamado “tarifaço” foi parcialmente revisto apenas nos itens que pressionavam a inflação americana; o restante das barreiras segue em vigor. O acordo entre Mercosul e União Europeia, mais uma vez, fracassou. As estatais acumularam resultados decepcionantes, reforçando a percepção de má gestão.

Do lado populista, o governo apostou na ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 60 mil por ano. Medida de apelo eleitoral, com impacto fiscal relevante e efeitos estruturais discutíveis.

O Judiciário, por sua vez, foi o grande protagonista midiático de 2025. Conduziu julgamentos de crimes cuja dimensão real se mostrou distante das acusações formuladas. No tema do marco territorial, consolidou-se mais um capítulo da insegurança jurídica — um ativo histórico negativo do país, agora oficialmente reafirmado.

Na economia, os números exigem leitura cuidadosa. O desemprego recuou, mas cresceu a população desalentada — aquela que desistiu de procurar trabalho. Não está claro se esse movimento decorre da ampliação dos programas de transferência de renda, da inadequação da força de trabalho às exigências do mercado ou, mais provavelmente, da combinação de ambos. O dólar em patamar mais baixo não reflete confiança estrutural, mas sim os juros elevados — 15% ao ano — que atraem capital especulativo para renda fixa e ativos financeiros. A inflação cedeu muito pouco diante da intensidade do aperto monetário. Sem redução de despesas e sem ajuste fiscal real, não haverá solução sustentável. A dívida pública continua em trajetória de alta, comprimindo o espaço para a queda dos juros.

Tudo está interligado. As ações parecem fragmentadas, por vezes contraditórias, e raramente orientadas por uma estratégia de longo prazo. Ainda assim, há um objetivo claro no horizonte do Poder Executivo: vencer a eleição de outubro de 2026. O restante parece secundário.

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