O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (14) um decreto que aplica sanções contra a Turquia por causa de sua incursão militar no nordeste da Síria.
A medida chega cerca de uma semana depois de o próprio Trump ter anunciado a retirada das tropas americanas da região, permitindo, na prática, que Ancara iniciasse uma ofensiva contra os curdos no país árabe.
Desde então, a Turquia já conquistou cerca de mil quilômetros quadrados de território na Síria e “neutralizou” cerca de 600 combatentes curdos, segundo suas próprias contas. A incursão também provocou uma fuga em massa em uma prisão de jihadistas do Estado Islâmico (EI) que está sob custódia curda, e já há inúmeros relatos de execução de civis por parte das milícias sírias cooptadas por Ancara.
As sanções impostas por Trump atingem três ministros turcos, Hulusi Akar (Defesa), Suleyman Soylu (Interior) e Fatih Donmez (Energia), além dos ministérios da Defesa e da Energia como um todo. O presidente também aumentou a sobretaxa alfandegária contra o aço importado da Turquia para 50% e interrompeu as negociações para um acordo comercial de US$ 100 bilhões.
“Estou totalmente preparado para destruir a economia da Turquia se seus líderes continuarem nesse caminho perigoso e destrutivo”, disse. O mandatário ainda enviará para Ancara “o quanto antes” seu vice, Mike Pence, e o conselheiro para Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O’Brien, para iniciar tratativas com o governo Erdogan.
“O presidente Trump comunicou claramente que os Estados Unidos da América querem que a Turquia pare a invasão, implemente um cessar-fogo imediato e comece a negociar com as forças curdas na Síria para encerrar a violência”, reforçou Pence.
A decisão de Trump de se retirar da Síria foi criticada até por aliados nos EUA, já que pode abrir caminho para o Estado Islâmico reconquistar territórios no país árabe e para o regime de Bashar al Assad se fortalecer.
Sem proteção americana, os curdos fecharam uma aliança com Damasco para defender as cidades de Manbij e Kobane, mas a primeira já foi conquistada por Ancara, segundo a Rússia. As Forças Democráticas da Síria (SDF), coalizão formada majoritariamente por curdos, foram a principal aliada dos EUA na luta contra o EI no país e controlam um vasto território na fronteira com a Turquia.
A milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), um dos principais componentes das SDF, é acusada de “terrorismo” por Ancara e de ter ligações com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), movimento baseado na Turquia e que luta pela criação de um Estado curdo.
Essa etnia reúne cerca de 30 milhões de pessoas e é considerada o maior povo apátrida no mundo.
Fonte – Terra