Editorial: Da terrinha para o mundo!

Andando pelas ruas centrais da cidade, o pensamento vai longe. As casas com estruturas antigas, as fachadas desenhadas, parece que nada mudou, quando na verdade, tudo mudou. Aquela memória em preto e branco hoje se camufla em meio a uma paleta de incontáveis cores. Ah, minha Dois Córregos!
O coreto da praça de baixo ainda é o mesmo, mas, em tese, não é. Percebe-se que ele foi restaurado, recebeu pintura e melhorias. Mas o jeitinho ainda é o de antigamente. Quantas noites, quantas histórias, quantos momentos por trás desse espaço. Quantas lembranças!
Ainda percorrendo o centro da cidade, e admirando tudo ao redor, depara-se com mais uma relíquia. Uma fachada quadrada, com uma pequena escada de poucos degraus. O vidro de hoje na porta de entrada não é o mesmo da grade sanfonada de ferro de antigamente. Ao adentrar naquele local, uma verdadeira viagem no tempo. Depois do curto corredor e atrás da cortina vermelha, um verdadeiro filme de cinema. E que filme!
As cadeiras, o palco, a tela, as luminárias, o camarote, o projetor, tudo parece tão familiar. E é.
O simples fato de sentar em uma dessas cadeiras e direcionar o olho para a imensa tela, faz o filme rodar. Filme baseado em imagens gravadas no rolo da própria memória. Olhos fechados e tudo volta a ser como era antes. Que sensação! Que satisfação!
É por esse e outros tantos motivos que a história do Cine São Paulo não ficou esquecida. Ela teve o que merecia. Se transformou no seu próprio roteiro. Transmitiu a sua própria história. O que antes servia como ferramenta para exibição de filmes, literalmente fez o que estava proposta a fazer. Além de virar protagonista de uma história de cinema, transmitiu a sua própria história, no seu próprio espaço, contada pelo seu fiel proprietário e exibida para os seus eternos espectadores. O espaço que antes servia para alegria e diversão, hoje é muito mais do que isso, hoje é orgulho.
Não é por menos que a história cinematográfica do cinema tem sido tão aplaudida mundo a fora. Porque ela vai muito além de uma simples história, é a vida de um cinema e de um apaixonado por tudo isso. O Cine São Paulo sempre foi e sempre será um dos maiores orgulhos de Dois Córregos. Passar por ele e não notá-lo é impossível. Falar de Dois Córregos e não citá-lo é inadmissível. Falar de arte e desconhecê-lo é inaceitável.
Agora, silêncio, que o filme vai começar. Luz, câmera, ação!

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