
O poder nu, conceito formulado pelo filósofo e matemático Bertrand Russell, descreve o mecanismo pelo qual demagogos e falsos profetas políticos conquistam espaço, enfraquecem a sociedade e destroem sua capacidade de reagir. A estratégia é conhecida: perseguem opositores, restringem liberdades e impõem práticas autoritárias sob o disfarce da democracia e da soberania. O resultado, no entanto, é a submissão.
O século XX nos deu exemplos dolorosos: nazismo, fascismo, comunismo russo e chinês. Todos têm em comum a intolerância ao contraditório. Nesses regimes, apenas a versão oficial é “certa”; o diverso é descartado como erro ou ameaça. São estruturas que mudam de aparência, mas preservam a índole autoritária: controlar, silenciar e destruir o oponente.
No Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT), protagonista da política nacional desde 2001, segue parte dessa lógica. O partido não votou a Constituição de 1988, rejeitou o Plano Real que nos libertou da hiperinflação e sempre se colocou contra reformas estruturais indispensáveis ao país. Estigmatizou mudanças previdenciárias e trabalhistas, mas nunca apresentou propostas consistentes. Enquanto isso, áreas essenciais — como saneamento, educação e saúde — seguem em atraso crônico.
Há, contudo, um traço que precisa ser enfatizado: a dificuldade do PT em conviver com o diverso. A pluralidade, que deveria ser a essência da democracia, é tratada como ameaça. Em vez de estimular debates e respeitar vozes dissonantes, o partido tende a enquadrar ou hostilizar quem pensa diferente. O diverso não é reconhecido como legítimo, mas como adversário a ser neutralizado.
Na política externa, o PT buscou afinidades com regimes de viés autoritário, em vez de fortalecer laços com democracias sólidas. No plano interno, consolidou apoios circunstanciais e construiu proximidade com setores do Supremo Tribunal Federal, que se comportam como aliados estratégicos.
O alerta de Russell permanece atual: quando o poder nu se instala, vende-se a ideia de liberdade, mas o que se entrega é dependência. A democracia se fragiliza quando se fecha ao contraditório e quando o diverso é tratado como inimigo.