
O timing da operação envolvendo o Banco Master revela menos sobre a instituição financeira e mais sobre a dinâmica de controle de agenda típica do ambiente político brasileiro. Em momentos críticos, fatos são ativados como instrumentos de gestão de percepção pública.
A CPI do INSS aproxima-se de setores sensíveis do governo. O caso dos aposentados chegou a personagens estratégicos — entre eles, o “Bessias” e Frei Chico, irmão do presidente. Diante desse risco, uma operação de grande repercussão surge como narrativa alternativa, deslocando o eixo do debate público.
Importante frisar: o Banco Master não se tornou suspeito ontem. O que mudou foi o interesse político no calendário, não os fatos investigados. Essa prática tem precedentes: no auge do Mensalão, quando o caso alcançou José Dirceu, uma medida de impacto — o fim dos bingos — foi anunciada, reconfigurando o foco nacional. Deu certo até Roberto Jefferson liquidar com o ” sai Zé, sai”.
A lógica permanece: utilizar escândalos latentes como amortecedores de crises. É um método eficiente para ocupar manchetes e confundir o senso comum. E continua funcionando porque a sociedade, em grande parte, ainda se deixa conduzir pelas aparências.

