2026 define colocar Brasil nos trilhos ou não.

O Brasil entra em 2026 diante de uma das mais amplas disputas eleitorais de sua história recente. Estarão em jogo a Presidência da República, os Executivos estaduais, dois terços do Senado e a renovação integral da Câmara dos Deputados. Um redesenho completo do poder. E, como sempre, a farsa tentará prevalecer.

A disputa não será apenas entre projetos, mas entre a interpretação honesta dos fatos e a mentira deliberada sobre eles. Cabe a cada cidadão escolher se quer ser eleitor ou apenas plateia de narrativas prontas. Os já decididos não repensam. Votam com a situação ou com a oposição, pouco importa o nome do candidato que represente seu campo. Esse grupo responde por cerca de 60% dos votos válidos.

Outros 30% simplesmente não comparecem ou anulam o voto. Sobra uma estreita margem de convencimento: algo em torno de 10% dentro dos votos válidos. É ali que a eleição se decide. E é ali que qualquer escorregão, sobretudo na véspera, pode ser fatal. Foi assim em 2022. Episódios protagonizados por aliados imprudentes foram suficientes para desmontar uma candidatura competitiva. Em política, erros não se compensam; se pagam.

Em 2026, o jogo será bruto. O governo insistirá na narrativa da continuidade, repetindo o velho argumento de que o herdeiro é igual ao fundador. A oposição, por sua vez, baterá no que não foi feito — e terá munição de sobra. O país ouviu muito, prometeu-se mais ainda, mas realizou-se pouco.

O Brasil cresceu não por virtude do governo, mas pela resiliência de seus agentes produtivos. Cresceu apesar de um Estado que desconfia do capital, pune o empreendedor e relativiza o equilíbrio fiscal. O dinamismo veio do setor privado, da informalidade criativa, da capacidade de adaptação — não de políticas públicas eficientes.

Os temas centrais da eleição estão dados e não admitem maquiagem:
segurança pública, saúde, proteção ao empreendedorismo e controle da inflação. A melhora do atendimento na saúde pública tende a ser o tema dominante, porque atinge indistintamente ricos e pobres. Segurança deixou de ser pauta ideológica e virou questão de sobrevivência cotidiana. Inflação corrói salários, destrói empresas e mina a confiança. Empreender no Brasil segue sendo um ato de coragem.

Convém também recolocar responsabilidades nos trilhos. A educação fundamental é, majoritariamente, tarefa municipal. O ensino médio é atribuição estadual. Portanto, estará no centro das eleições para governadores — e não como discurso genérico, mas como política concreta.

Aos candidatos ao Congresso, menos retórica e mais coragem. O país precisa de reformas estruturais, não de emendas paroquiais, não de autopreservação, não de silêncio cúmplice. O Legislativo de 2026 decidirá se o Brasil continuará empurrando seus problemas ou se começará, finalmente, a enfrentá-los.

Há ainda um fator que não pode ser tratado como tabu: a idade do presidente. Aos 81 anos, a escolha do vice não é detalhe. É variável central de governabilidade, estabilidade e continuidade. Fingir o contrário é enganar o eleitor.

Por fim, a oposição precisa compreender uma regra elementar da política: dividida, estará perdida. Vaidades, projetos pessoais e disputas internas podem entregar, de bandeja, uma eleição que ainda está aberta.

2026 não será uma eleição de paixões. Será uma eleição de lucidez. Entre a farsa e a verdade, o eleitor terá de escolher. E arcar com as consequências.

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