Violência contra a mulher testemunhada por muitos, mas denunciada por poucos.

O grito silente de mulheres em situação de violência ecoa a voz de todas ao mesmo tempo, quando os olhares da sociedade visualizam uma cena de agressão parece abrir uma janela nunca vista antes.
A propósito, em julho do ano passado, o país ficou perplexo diante dos vídeos que circularam pelas redes sociais, nos quais as cenas de agressão cometidas pelo DJ Ivis (Iverson de Souza Araújo) contra a esposa, refletiram a violência contra as mulheres sem nenhum filtro. Em uma das gravações é possível ver a vítima sentada na sala cuidando da filha do casal, quando é agredida na cabeça com tamanha violência e o carrinho com o bebê chega até a balançar. Em uma segunda cena, a agressão de extrema violência, tem início no quarto e prossegue na sala, são violentos chutes e socos e há um homem presente, que calmamente se retira do local.
O compartilhamento de tais imagens transportou a sociedade para “dentro das quatro paredes” que muitas vezes são as únicas testemunhas estáticas do crime, o Brasil visitou um lar violento a beira de um feminicídio, onde a mulher e a criança são vítimas diretas de um agressor com o perfil severo, porém dócil socialmente.
Cenários de violência e violações são o enredo de histórias de muitas mulheres, embora as estatísticas não alcancem com fidelidade a realidade, pois muitas vezes é algemada pelas subnotificações, ainda assim dados revelados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo, visto que a cada 8 minutos uma mulher é agredida e 1 a cada 4 mulheres sofre algum tipo de violência.
Definitivamente as mulheres não são a “Alice no país das maravilhas”, pois vivemos em riscos constantes quando se trata de violência de gênero, e ser mulher no Brasil dá um frio na alma e um medo valente de transpor tudo que nos aprisiona. As omissões, a ausência de denúncia e falta de aplicação da Lei Maria Penha na sua plenitude reforça o mutismo da vítima que muitas vezes grita por socorro, mas os ouvidos surdos são inacessíveis.
Perceber uma mulher em situação de violência requer o silêncio da alma diante dos barulhos do machismo e das agressões, a responsabilidade em denunciar é humanamente compulsória. Sabe-se que o feminicídio quase sempre é um crime anunciado e evitável, pois o agressor ameaça e até mesmo agride as mulheres várias vezes antes de cometer o delito.
A violência de gênero muitas vezes acontece de forma velada e não denunciada, o ciclo das violações se nutrem pelo silêncio e pelas negligências alheias. Indubitavelmente, um dia a violência se cessa e o ciclo se quebra e assim uma mulher é morta ou liberta.
Portanto, os fatos envolvendo a violência contra todas as mulheres, ilustrados no caso da Pamela Holanda nos leva à reflexão do nosso papel social em não nos omitir diante de crimes dessa natureza e da indispensabilidade de políticas públicas sérias e comprometidas no enfrentamento a violência doméstica.
Em caso de violência doméstica denuncie: LIGUE 180

Cândida Ferreira – Secretária de Políticas Públicas para Mulheres – Jaú

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