Feminismo negro no Brasil

O lado invisível do feminismo negro
Por Ana Paula Toledo
Jornalista, MTB 0092839.

Nos últimos anos o feminismo negro se proliferou nas redes sociais e se fez conhecer por pessoas que nunca haviam tido contato com essa vertente do feminismo. A recente popularização levou muitas pessoas a crer erroneamente que se trata de um segmento novo da luta feminista e antirracista, ignorando que o feminismo negro tem pelo menos quatro décadas de existência, se desconsideramos o movimento de mulheres negras que o antecede e que é ativo desde meados do século XIX.
Por outro lado, é notável que as discussões sobre feminismo estejam entrando em grande vigor, o que é muito importante, pois para que haja um avanço e conquistas, é necessário que as pessoas falem sobre isso. Dada sua trajetória, o feminismo negro um movimento social já maduro e que pode ser definido também como político e intelectual. É protagonizado por mulheres negras que se dedicam ao enfrentamento de múltiplos fatores que afetam a população negra e feminina.
O texto aqui proposto tem como objetivo traçar as principais abordagens teóricas dos feminismos negros no Brasil numa perspectiva histórica, bem como apontar suas principais estratégias de combate ao racismo. Dentro da sociedade está inserido um preconceito desde a época da escravidão e a luta das mulheres negras se inicia através do fato de que além da condição de serem mulheres, também se encaixam na classe menos privilegiada que sofre preconceito devido a sua cor.
Caminhando pela ‘’história’’ notamos que após Eva, Cam e outros, a mulher preta torna-se então objeto do objeto do homem, olhando através do monóculo, social ela se torna a base da pirâmide, violada, extirpada de sua terra natal, perde constantemente a família de antes e qualquer outra que ela possa ter sonhado em constituir, suas chagas são minimizadas, dessalgadas e desgraçadas.
Ainda sobre o tapete mágico do patriarcado, a viagem continua e quando se pensa em 349 anos de escravidão no Brasil (1539–1888), trezentos e trinta e oito anos de demonização, objetificação, estupro, mutilação, epistemicídio agressão e embranquecimento deste corpo. As ideias que antes construíram nosso pais, ainda hoje estão enraizadas em nossas entranhas, de tal forma que o corpo que casa com essa mulher, que atende essa mulher, que deveria zelar por essa mulher em escolas, unidades de saúde, legal e social, a desamparam com a justificativa de um possível diagnóstico “Síndrome de Riley-Day’’, mas sabemos que não!
Por sua vez, o Feminismo negro surge de ideia de que a mulher negra, por sofrer de uma dupla opressão, não é representada por outros “feminismos”. Uma de suas principais teóricas e representantes é a Angela Davis.
Falar sobre diferentes momentos do feminismo negro exige um arcabouço teórico, para além do que encontramos em obras sobre feminismo. Primeiro, porque em muitos destes ignora-se a contribuição das mulheres negras para a luta feminista. Segundo, porque é preciso também transcender o que se entende por um discurso legitimado.

Referências
Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Disponível em: https://www.geledes.org.br/dossie-mulheres-negras-retrato-das-condicoes-de-vida-das-mulheres-negras-no-brasil/?gclid=EAIaIQobChMI68f8srqK7wIVxoCRCh2MwQEnEAAYASAAEgJrB_D_BwE. Acesso em: junho,2020.

O Movimento Feminista Negro e suas particularidades na sociedade brasileira. Disponível em: https://www.geledes.org.br/o-movimento-da-mulher-negra-brasileira-historia-tendencia-e-dilemas-contemporaneos/?gclid=EAIaIQobChMI9YiIz7qK7wIVCAWRCh1cugjaEAAYASAAEgLE3PD_BwE. Acesso em: junho, 2020.

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