Por Luiz Gonzaga Bertelli
Perto de 12% é o percentual do crescimento estimado do transporte de órgãos, de janeiro a setembro de 2023, no Brasil, quando comparado com o similar período do ano passado. Os dados referem-se aos procedimentos do rim, coração, fígado, pâncreas e pulmão. Quanto aos transplantes de córneas, foram efetuados 10.575 e de medula óssea cerca de 2.000
Consoante o Ministério da Saúde, o número de doadores nos primeiros seis meses deste ano é o maior dos últimos dez anos.
No tocante ao número de autorizações de novos serviços de transplantes hospitalares, o Brasil alcançou 64 deles, espalhados em 19 Estados da Nação.
Conforme as estatísticas, mais de 40 mil pessoas esperam a ocasião de realizar um transplante de órgão, notadamente, nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
De acordo com a matéria publicada na Folha de São Paulo, em 29 de setembro deste ano, a fim de ser um doador de órgão, é imprescindível que o interessado declare a sua intenção, junto à família, eis que, tão somente com a intenção familiar, é possível dar seguimento ao procedimento.
Para o conceituado cirurgião, Fernando Bacal, que já participou de cerca de mil transplantes de coração, no Hospital Albert Einstein, a comoção havida em torno do caso do conhecido apresentador da TV, Fausto Silva, traz uma pressão extra ao seu profícuo trabalho. Contudo, o episódio trouxe de bom a ampliação do debate sobre a importância da doação de órgãos e nada muda a sua conduta médica.
Ademais, conforme o cardiologista do Hospital Einstein, o acontecimento colaborou, decisivamente, para a popularização do maior atendimento dos critérios adotados da priorização dos transplantes dos órgãos.
Nos dias atuais, são realizados no Brasil perto de 350 a 400 transplantes de coração, a cada ano. Contudo, a demanda seria superior a 1.300. Um expressivo percentual da demanda falece na fila de espera, sem conseguir um coração doador compatível.
A falta de planejamento e estruturação para o recolhimento de órgãos de doadores em múltiplas regiões brasileiras, obstacula a possibilidade dos procedimentos. Ainda, para o cirurgião Bacal, muito dos potenciais doadores encontram-se em hospitais, que não possuem estruturas e simples equipamentos, para avaliar os batimentos cardíacos ou não dispõem de equipes de neurologia, a fim de atestar a morte encefálica.
Do total de corações, que as famílias aceitam doar, tão somente 15% são viabilizados em transplantes. Nos países de referência, esse percentual tem condições de alcançar um patamar de 50%.
Enfermidades crônicas como diabete ou uso de drogas injetáveis podem impedir o transplante do órgão, objeto da doação. A média de obtenção do órgão da doação está estimada em até três meses, na dependência do estado do paciente (risco de morte iminente). Com o propósito de se tornar um doador de órgãos vá ao hemocentro mais perto.
Foto: Luiz Gonzaga Bertelli. Consultor de empresas do setor petrolífero e de produção de açúcar e de álcool e Presidente da Academia Paulista de História / Créditos: Arquivo Pessoal