
A nomeação de Guilherme Boulos como “ministro da mobilização” escancara a verdadeira prioridade do governo Lula: manter viva a campanha permanente. Com Sidônio na comunicação, forma-se um eixo voltado menos para governar e mais para manipular a narrativa, utilizando recursos públicos para projetar a reeleição.
O saldo de governo até agora é frágil. As articulações no Congresso naufragam em votações importantes. Os programas sociais são cópias gastas do passado. A taxação dos mais ricos sequer saiu do discurso. A dependência da aliança com o STF serve de muleta política, mas mina qualquer independência de poderes.
Há sinais de recuperação no emprego, mas educação e saúde seguem estagnadas. A Previdência virou um sistema esburacado. A política externa insiste em pendular à esquerda, distante dos interesses práticos do país. O agronegócio, motor da economia, é tratado como inimigo. Bancos seguem campeões de lucros, enquanto juros abusivos e irresponsabilidade fiscal travam investimentos.
É um governo míope, que aposta na aura dos líderes e na “magia” da mobilização. A oposição, desorganizada, vacila. Nesse vácuo, Boulos brilha: sabe mobilizar, vem das ruas, não teme métodos heterodoxos. Já mostrou sua força nas urnas — com votação expressiva para a prefeitura de São Paulo e ainda maior para deputado. Agora, no Planalto, sua missão é clara: transformar mobilização em arma de poder.
O problema é que mobilização não substitui resultados. E governos que escolhem viver de narrativa cedo ou tarde se confrontam com a realidade.