Histórias de “Dous Córregos”: a fundação da cidade

José Alves Mira residia em Ouro Fino (MG) quando decidiu explorar o interior de São Paulo com a finalidade de plantar café

José Alves de Mira nasceu em 1802 na cidade de Campanha (MG) e se casou com Delphina Maria da Conceição, tendo o casal sete filhos. Ele residia em Ouro Fino (MG) quando decidiu explorar o interior de São Paulo com a finalidade de plantar café, que era o produto mais lucrativo do Brasil naquela época, devido à fácil exportação para a Europa e Estados Unidos através do porto de Santos.

As terras do interior paulista, ainda mal desbravadas pelo homem branco, estavam sendo comercializadas a preços baixos em relação a Minas Gerais, havendo também muitas áreas sem dono. Esse fato atraiu levas de mineiros ao interior de São Paulo, para onde também vinham fluminenses, paulistanos, etc., todos com a intenção de se enriquecer através da cafeicultura. Essa grande migração às terras paulistas ficaria conhecida como “marcha para oeste”, já que depois de desbravar São Paulo a migração prosseguiu e desbravou o Estado do Paraná, só parando nas fronteiras da Amazônia.

Naquela época Dois Córregos ainda era o bairro do Rio do Peixe, pertencente a Brotas, e José Alves de Mira, em sociedade com Mariano Lopes Pinheiro e com o filho deste último José Mariano Lopes adquiriram a posse da Fazenda Rio do Peixe, de 3.405 alqueires, que era uma das maiores da região.

Em 28 de janeiro de 1854, foram doados 20 alqueires da Fazenda Rio do Peixe para compor o patrimônio da capela a ser fundada em louvor ao Divino Espírito Santo, sendo que José Alves de Mira e esposa doaram 10 alqueires e os outros 10 foram doados por Mariano Lopes Pinheiro e seu filho José Mariano Lopes, juntamente com as respectivas esposas.

Devemos entender que, ao aceitar essas doações, a igreja, que fazia parte do governo imperial, praticamente reconheceu os doadores como donos da Fazenda Rio do Peixe, tanto que as autoridades eclesiásticas emitiram documentos para José Alves de Mira e para Mariano Lopes Pinheiro legalizando a posse deles sobre a referida fazenda. José Mariano Lopes, no entanto, certamente teve algum desentendimento com seu pai Mariano Lopes Pinheiro, pois não recebeu ou não aceitou receber o documento de posse emitido pela igreja.

Os 20 alqueires tinham as seguintes divisas: começavam na margem esquerda do Rio do Peixe, englobando toda área entre os córregos Lajeado e Fundo, seguindo até onde hoje está a Capela de São Benedito. Quanto à decisão de construir a primeira capela da história de Dois Córregos, ela partiu de José Alves de Mira; a provisão foi assinada pela Câmara Episcopal de São Paulo em 04 de fevereiro de 1856, e essa data passou a ser considerada como a da fundação de Dois Córregos.

Para escolher o local da capela, José Alves de Mira soltou um carro de boi carregado com madeiras na parte alta da Rua Joaquim de Almeida Leme (a continuação dessa rua é a Quinze de Novembro) sob a promessa de erguer a capela aonde o carro de boi parasse, mas prevendo que, com o peso da carga, os bois não ultrapassariam os 20 alqueires da igreja. Desse modo, o carro de boi parou antes da atual Av. Quatro de Fevereiro, e ao lado do local onde pararam os bois José Alves de Mira construiu a primeira capela, com paredes de barro, coberta com sapé e com chão de terra batida. Depois disso, ele demarcou as ruas do povoado, mas fazendo tudo com seus próprios recursos.

Quanto à bênção do primeiro cemitério, que se localizava onde hoje está o Lar São Vicente de Paulo, a cerimônia ocorreu em 18 de junho de 1857, sendo que nele foi sepultado o fundador da cidade, José Alves de Mira, que faleceu em 1873 na época da “Freguezia dos Dous Córregos”. Heusner Grael Tablas

Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Pinterest
últimas no jornal o democrático
agenda regional

Próximos eventos