
Nosso presidente há muito tempo deixou de governar o país. Entregou o comando a seus 39 ministros, cada qual agindo conforme seus próprios interesses. Fragmentou o governo em fatias partidárias, distribuindo cargos e emendas como moedas de troca — e, mesmo assim, não conquistou nenhum resultado expressivo.
Tem hoje a pior aprovação parlamentar desde 1988 — pior até que a de José Sarney. Apesar do desempenho pífio, insiste em pavimentar o caminho para a reeleição.
Seu grupo político, por meio de aliados e narrativas cuidadosamente montadas, conseguiu encarcerar adversários e transformar a disputa judicial em arma eleitoral. O caso Bolsonaro é o exemplo mais evidente. O chamado “golpe” é uma construção antiga: começou com a cassação pelo TSE, motivada por uma reunião com embaixadores na qual o então presidente questionou a lisura das urnas eletrônicas. Daquele episódio em diante, criou-se o roteiro da perseguição que culminou na condenação de militares e do próprio ex-presidente — por um golpe que jamais aconteceu.
Lula, por sua vez, foi condenado em três instâncias — em Curitiba, no TRF da 4ª Região e no Superior Tribunal de Justiça — e cumpriu quase dois anos de prisão. No entanto, o Supremo Tribunal Federal anulou as sentenças alegando erro de foro: o processo deveria tramitar em Brasília, não em Curitiba. A decisão, orquestrada a tempo, resultou na prescrição e abriu caminho para sua volta ao poder.
O contraste é gritante. O ex-presidente condenado tornou-se novamente chefe de Estado; o outro, que o sucedeu, deve envelhecer na prisão. A oposição, desorientada, não consegue se unir nem para formar uma liderança minimamente viável.
O país segue, portanto, sob um governo sem direção — e uma oposição sem voz.
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