O exílio é válido?
O exílio, em seu conceito original, é a condição de ser forçado a deixar sua terra natal — seja por perseguição política, opressão, ameaças à vida ou pela impossibilidade de exercer livremente a sua existência. Desde a Antiguidade, significou tanto punição imposta pelos governantes quanto escolha desesperada dos que buscavam sobreviver. É, ao mesmo tempo, dor da perda de pertencimento e esperança de refazer a vida em outro lugar. Por um tempo ou definitivamente.
Sempre será para qualquer um quando a sua liberdade está em perigo. A defesa da prisão. A validade é do ponto de vista dos perseguidores. Do ponto de vista do perseguido prioridade é a liberdade. É da nossa natureza. Sempre foi assim e sempre será.
A fuga dos perseguidos por ditaduras, dos maus-tratos, dos carrascos, dos marginais da polícia e dos assassinos dos tribunais é um fato da natureza humana. O exílio, nesse contexto, não é apenas afastamento territorial, mas ato de resistência. Covarde é quem se entrega; a fuga é uma perspectiva de haver futuro em outro lugar e em outras condições.
Lembro de amigos que abrigamos para evitar a prisão. Válida ou não, não importava: era gente amiga fugindo dos agressores. O exílio e a fuga são válidos sob a circunstância da humanidade, e não da lei dos homens — leis estas que nem sempre são justas ou moralmente válidas.
Assim, o exílio sempre será uma opção. De Bolsonaro a Lula.
