
O corte que ninguém quer citar
Muitos falam sobre cortar despesas para colocar a economia nos eixos.
Mas poucos têm coragem de dizer quais.
Nós citamos. Hoje, os juros básicos deveriam estar em torno de 6% ao ano, com uma inflação de 3%.
Essa combinação representaria uma redução de R$ 90 bilhões no pagamento de juros da dívida pública. Para que isso se torne possível, o país precisa enfrentar as distorções que consomem recursos e travam o equilíbrio fiscal.
1. Cortar subsídios e despesas tributárias — R$ 200 bilhões
O Brasil concede cerca de R$ 1 trilhão em benefícios fiscais: R$ 800 bilhões em renúncia fiscal e R$ 200 bilhões em despesas tributárias.
A renúncia fiscal são descontos no Imposto de Renda concedidos a empresas e pessoas físicas;
as despesas tributárias são reduções de alíquotas e incentivos a setores específicos.
Um corte de 20% nesses benefícios renderia R$ 200 bilhões de economia anual — o passo mais decisivo rumo ao superávit primário.
2. Reduzir emendas parlamentares não essenciais — R$ 25 bilhões
Apenas as emendas destinadas à saúde pública deveriam ser mantidas.
O restante, de caráter político-eleitoral, distorce o orçamento e eleva o gasto público.
O corte representaria R$ 25 bilhões de economia ao ano.
3. Vender estatais deficitárias — R$ 23 bilhões
A venda ou liquidação de estatais que acumulam prejuízos reduziria custos e eliminaría passivos.
A economia direta seria de R$ 23 bilhões anuais, além de ganhos indiretos de eficiência.
4. Reajustar o salário mínimo apenas pela inflação — R$ 14 bilhões
O aumento real acima da inflação, embora popular, amplia as despesas da Previdência e dos programas assistenciais.
A correção apenas inflacionária proporcionaria economia mínima de R$ 14 bilhões ao ano, sem perda de poder de compra real.
5. Reduzir cargos em comissão — R$ 2 bilhões
Um corte de 30% dos cargos de livre nomeação (sem atingir servidores efetivos) geraria R$ 2 bilhões de economia anual,
além de sinalizar compromisso com a gestão eficiente e o enxugamento da máquina pública.
Resultado agregado
Somadas, essas medidas totalizam R$ 340 bilhões de redução de despesas anuais.
Com inflação controlada em 4%, os juros básicos poderiam cair até 9 pontos percentuais,
gerando R$ 450 bilhões adicionais de economia em juros da dívida pública —
já que cada ponto percentual equivale a aproximadamente R$ 50 bilhões.
Total potencial de economia: R$ 890 bilhões.
Um ajuste histórico, sem aumento de impostos — apenas pela racionalização do gasto e eficiência do Estado.

