Sobe e desce no Congresso

À medida que entramos na reta final de um ano pré-eleitoral, observa-se que os presidentes da Câmara e do Senado ora tensionam com o Executivo e o STF, ora recuam. Mantêm, assim, os pés em duas canoas: não se colocam ao lado da sociedade, mas ao lado de seus próprios interesses e dos grupos que representam. Há acertos e erros, mas falta direção. Falta foco na solucionática, na construção efetiva de saídas. Em vez disso, instalou-se uma gangorra política comandada pelos pesos pesados invisíveis da República.

A tentativa de misturar a redução de penas dos baderneiros com a dos acusados de golpe mostra-se ineficaz. O “eixo” institucional tende a manter as condenações e as prisões como estão. O debate deveria ser direto: discutir anistia ou redução das penas para os envolvidos em 8 de janeiro. Ao governo vencedor caberá, eventualmente, avaliar o indulto aos grupos presos por suposto crime de golpe contra a democracia.

O episódio de 8 de janeiro foi uma manifestação de desafeto político que saiu de controle; não houve materialidade para caracterizar um golpe, embora tenha se configurado como um ato ilícito. A narrativa do golpe, porém, sustenta um processo de punição prolongada e politizada. A punição tratou de suposições sobre um crime que não ocorreu.

No Congresso, o quadro é de incerteza. A legislação antifacção, a PEC da Segurança e até mesmo a fase final da reforma tributária correm o risco de não avançar ainda este ano. Falta articulação, prioridade e, sobretudo, liderança que esteja comprometida com a agenda do país — não apenas com a própria sobrevivência política.

A reforma administrativa, por sua vez, está empurrada para 2026 — e só avançará se houver uma oposição responsável no poder. Enquanto o Centrão ditar o ritmo, qualquer reforma continuará sendo meramente cosmética.

Resta ainda a dúvida sobre a aprovação do orçamento deste ano, peça crucial para o fechamento do mandato. A incerteza orçamentária apenas reforça o cenário de improvisação que domina Brasília no momento em que o país mais necessita de clareza, responsabilidade e visão estratégica.

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