Trump muda a relação com Brasil

O governo Trump precisa do Brasil por razões estratégicas que vão muito além da retórica diplomática. Washington busca uma saída negociada para o impasse venezuelano, acesso às terras raras brasileiras e a ampliação de sua influência na América do Sul. Argentina, Paraguai e Bolívia já estão, em grande medida, alinhados aos interesses norte-americanos. O Brasil, porém, é a peça central que faltava nesse tabuleiro.

Não por acaso, Trump recuou. Retirou punições a autoridades brasileiras e sinalizou que deverá, em breve, reduzir as sobretaxas de até 40% impostas a produtos manufaturados, além de aliviar restrições remanescentes sobre o agronegócio. A pergunta que se impõe — “quem recuou?” — tem resposta simples: ninguém. Houve, na prática, uma repactuação pragmática e inteligente, fruto de interesses convergentes.

Trump precisa sair da armadilha que ele próprio ajudou a construir na Venezuela e na Colômbia. Lula percebeu a oportunidade. Aceitou o diálogo não apenas como mediador regional, mas como contraponto estratégico à crescente influência chinesa, ao mesmo tempo em que abriu caminho para aliviar sanções que atingiam aliados políticos e econômicos do Brasil. O resultado é um jogo de ganhos mútuos. Melhor assim.

E o bolsonarismo? Fica à deriva. Jair Bolsonaro dificilmente escapará de uma condenação sem indulto presidencial ou cumprimento parcial de pena. A estratégia que resta ao seu campo político é clara: apostar na reeleição de membros da família e na construção de maioria no Senado, como forma de sobrevivência institucional.

Enquanto isso, a viabilidade eleitoral de Lula cresce. A cada movimento no cenário internacional e a cada rearranjo interno, sua reeleição deixa de ser hipótese remota e passa a se desenhar como possibilidade concreta.

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